quarta-feira, 28 de abril de 2010

NÃO JULGUES TEU IRMÃO


Amigo.
Examina o trabalho que desempenhas.
Analisa a própria conduta.
Observa os atos que te definem.
Vigia as palavras que proferes.
Aprimora os pensamentos que emites.
Pondera as responsabilidades que recebeste.
Aperfeiçoa os próprios sentimentos.
Relaciona as faltas em que, porventura, incorreste.
Arrola os pontos fracos da própria personalidade.
Inventaria os débitos em que te inseriste.
Sê o investigador de ti mesmo, o defensor do próprio coração, o guarda de tua mente.
Mas, se não deténs contigo a função do juiz, chamado à cura das chagas sociais, não julgues o irmão do caminho, porque não existem problemas absolutamente iguais, e cada espírito possui um campo de manifestações particulares.
Cada criatura tem o seu drama, a sua aflição, a sua dificuldade e a sua dor.
Antes de julgar, busca entender o próximo e compadece-te, para que a tua palavra seja uma luz de fraternidade no incentivo do bem.
E, acima de tudo, lembra-te de que amanhã, outros olhos pousarão sobre ti, assim como agora a tua visão se demora sobre os outros.
Então, serás julgado pelos teus julgamentos e medido, segundo as medidas que aplicas aos que te seguem.


Pelo espírito André Luiz,
psicografia de Francisco C. Xavier

terça-feira, 27 de abril de 2010

Para emocionarmos um pouco.................



UM DIA RECEBI ESTE VÍDEO DE UMA PESSOA ESPECIAL E QUIS COMPARTILHAR.
UM AMIGO QUE SE FOI...

terça-feira, 20 de abril de 2010

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Sucesso de Chico Xavier nos cinemas e livrarias comprova força do espiritismo



E o cinema brasileiro ganhou seu fenômeno anual. "Chico Xavier" de fato estourou nas bilheterias e, até a próxima sexta-feira, com duas semanas de exibição, deve acumular público de 1,8 milhão de pessoas – sem contar que bateu o recorde na estreia para um filme nacional, com 590 mil espectadores. O motivo de tanto sucesso? A simpatia pelo médium é, sem dúvida, uma das razões, assim como a qualidade da direção de Daniel Filho, mas a forte presença do espiritismo entre os brasileiros também deve ajudar. E como.

Nelson Xavier como o médium: cinebiografia deve ser campeã nacional de bilheteria

Segundo o coordenador da Federação Espírita Brasileira (FEB), Antonio Cesar Perri de Carvalho, há cerca de 30 milhões de simpatizantes no País, em todas as classes sociais, de acordo com estudos por amostragem promovidos por institutos de pesquisa no Rio. "O espiritismo penetra desde as classes mais simples às mais altas, numa intensidade muito grande. Na classe A, é quase empatado com judeus e católicos praticantes", afirma. Parte dessa estrutura foi utilizada para promover o longa-metragem, trabalho que a entidade fez em seu portal, revista, lista de emails e junto às unidades em 27 estados.

Para Carvalho, o sucesso do filme já era esperado. "O Chico é um vulto nacional, extremamente respeitado e admirado por vários setores da sociedade brasileira. Em 2000, foi considerado o mineiro do século, superando Juscelino Kubitschek, Pelé e, dois anos depois, uma das figuras mais importantes do País."

O diretor do portal Filme B, Paulo Sérgio Almeida, pensa da mesma forma. "Me perguntava como um grande mito da nossa história ainda não havia merecido um trabalho de fôlego e ninguém melhor do que o Daniel – que tem faro de sucesso, experiência em TV, cinema – para fazer isso. Tinha grandes chances de virar um sucesso e virou."

Tanto virou que está tendo reflexos em outras áreas. Depois da estreia, o livro "Chico Xavier - A História do Filme de Daniel Filho", que documenta casos curiosos dos bastidores, pulou da sétima para a primeira posição no ranking dos mais vendidos na categoria de não-ficção. Em segundo lugar, outro velho conhecido das listas de best-sellers – a biografia "As Vidas de Chico Xavier", de 2003. Ambos foram escritos pelo jornalista Marcel Souto Maior e já abriram os olhos dos envolvidos para outro produto: o DVD.

Sucesso dos livros sobre Chico Xavier já despertou estratégia para DVD.
Bruno Wainer, diretor da Downtown Filmes, distribuidora do longa em parceria com a Sony, adianta que já se começou a imaginar uma estratégia diferente para a entrada do filme no mercado doméstico. "Como muita gente teve vontade de ter o livro, deve acontecer a mesma coisa com o DVD. Não pode ser um lançamento convencional", garante.

Também responsável pela distribuição de "Lula, o Filho do Brasil", que decepcionou nas bilheterias, Wainer comemora o sucesso de "Chico Xavier". "Esse equilíbrio faz com que a gente continue indo em frente", afirma. Segundo ele, a cinebiografia do presidente, apesar do apelo popular, não conseguiu afastar a imagem genérica dos políticos, "muito desmoralizada perante o público". Não é, claro, o caso do médium.

Embora não descarte a influência do espiritismo, Wainer aposta que o sucesso de "Chico Xavier" reside no trabalho de Daniel Filho. "Modestamente, o que garantiu uma ótima segunda semana, pelo que a gente está vendo, foi a própria qualidade do filme. O boca a boca é forte e recebemos notícias de centenas de sessões aplaudidas, de gente chorando. Isso é o mais importante, o filme agradar o público."

Espiritismo "vende"

O centenário de Chico Xavier ainda rendeu esta semana uma homenagem na Câmara dos Deputados e, a partir de sexta-feira, será tema, em Brasília, do 3º Congresso Espírita Brasileiro. Com suas 5 mil vagas esgotadas – as inscrições foram encerradas rapidamente devido à grande procura –, o evento abrirá espaço para apresentações das equipes tanto da cinebiografia do médium quanto de outra produção, "Nosso Lar", baseada no maior best-seller psicografado de Chico, que já teve 1,7 milhão de exemplares vendidos.

Com estreia prevista para setembro, "Nosso Lar" é apenas mais um numa fila de filmes em produção que devem chegar em breve aos cinemas. Além disso, a rede Globo começou a exibir nesta semana a novela "Escrito nas Estrelas", também com temática espírita. Coincidência? Para o coordenador da FEB, não. "No jargão popular: nosso produto vende", disse ele, aos risos. "Se as TVs e companhias cinematográficas estão interessadas, é porque há demanda, interesse da população pelas ideias espíritas, que nós consideramos oportuno."

Federação Espírita Brasileira estima que existem 30 milhões de simpatizantes no Brasil

O diretor da Downtown discorda. Para Bruno Wainer, essa série de produções similares pode ser atribuída a uma espécie de "inconsciente coletivo". "De vez em quando no mundo se vê uma onda com o mesmo tema, mas o cinema não é uma atividade de curto prazo. 'Chico Xavier' estava em produção anos antes de 'Bezerra de Menezes' estourar. Esse planejamento não é tão frio e objetivo, até porque os produtores não se falam. É curioso."

De qualquer forma, "Chico Xavier" caminha a passos largos para ser o campeão nacional de bilheteria em 2010. Na opinião de Paulo Sérgio, o filme deve passar a marca de 5 milhões de espectadores, abaixo do recorde de "Se Eu Fosse Você 2", também de Daniel Filho, que acumulou 6,1 milhões. "É outra situação. 'Se Eu Fosse' é uma comédia e estreou nas férias. Nas próximas semanas 'Chico' deve ter uma grande competição com a entrada de 'Alice no País das Maravilhas' e 'Homem de Ferro 2' no circuito."

Depois do fracasso de "Lula", Wainer tem uma expectativa mais modesta: 3 milhões de ingressos vendidos. Ele também reconhece que a prova de fogo de "Chico Xavier" será a queda de braço com os blockbusters hollywoodianos. "Neste fim de semana ainda não temos concorrência forte, mas nos próximos isso muda de figura. Veremos se o 'Chico' vai ter estofo para segurar esse público."

* Didático e popular, "Chico Xavier" dá início à febre espírita no Brasil
* Igreja fechou as portas para filme de Chico Xavier, diz diretor

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Trailler do filme NOSSO LAR

Filme "Nosso Lar" estreiará no dia 03 de setembro de 2010!
Dêem uma olhadinha no trailler...

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Paciência antes da crise

O homem moderno tem urgente necessidade de cultivar a paciência, na condição de medicamento preventivo contra inúmeros males que o espreitam.

De certo modo, vitimado pelas circunstâncias da vida ativa em que se encontra, sofre desgaste contínuo que o leva, não raro, a estados neuróticos e agressivos ou a depressões que o aniquilam.

A paciência é-lhe reserva de ânimo para enfrentar as situações mais difíceis sem perder o equilíbrio.

A paciência é uma virtude que deve ser cultivada e cuja força somente pode ser medida, quando submetida ao teste que a desafia, em forma de problema.

O atropelo do trânsito; a agitação geral; a competição desenfreada; o desrespeito aos espaços individuais; a compressão das horas...

Além disso, as limitações financeiras; os conflitos emocionais; as frustrações e outros fatores decorrentes do modo de vida dito moderno e do relacionamento social, levam o homem a desequilíbrios que a paciência pode evitar.

Exercitando-a nas pequenas ocorrências, sem permitir-se a irritação ou o agastamento, adquirirá força e enfrentará com êxito as situações mais graves.

Todas as criaturas em trânsito pelo mundo são vítimas de ciladas intencionais ou não.

Manter-se atento e saber enfrentá-las com cuidado é a única forma de superá-las com êxito.

* * *

Se te sentes provocado pelos insultos que te dirigem, atua com serenidade e segue adiante.

Se erraste em alguma situação que te surpreendeu, retorna ao ponto inicial e corrige o equívoco.

Se te sentes injustiçado, reexamina o motivo e disputa a honra de não desanimar.

Se a agressão de alguma forma te ofende, guarda a calma e a verás desmoronar-se.

A convivência com as criaturas é o grande desafio da evolução porque resulta, de um lado, da situação moral deles, e de outro, do seu estado emocional.

O amor ao próximo, no entanto, só é legítimo quando não se desgasta nem se converte em motivo de censura ou queixa, em relação às pessoas com quem se convive.

É fácil amar e respeitar aqueles que vivem fisicamente distantes.

O verdadeiro amor é o que se relaciona sempre bem com as demais criaturas.

* * *

Você já se propôs ser mais paciente? Já colocou isso como meta na vida alguma vez?

É importante ter metas claras. É importante dizer a si mesmo: Estou mais paciente agora. Não vou deixar que isto ou aquilo me abale com facilidade.

Começamos assim um processo de autopreservação, de automonitoramento e, toda vez que uma situação crítica se apresentar, poderemos voltar a dizer: Não vou deixar que isto me tire do sério.

Cada um poderá desenvolver seu método, sua forma de atuar, porém a essência deste trabalho está em começar já, imediatamente.

Quem antes inicia, antes colhe os benefícios.

Redação do Momento Espírita com base no cap. 10,
do livro Alegria de viver, pelo Espírito Joanna de Ângelis,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 06.04.2010.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Filme "Chico Xavier" bate recorde de espectadores

SÃO PAULO - Com apenas três dias em cartaz, o filme “Chico Xavier” já marcou um recorde no número de espectadores na história do cinema nacional desde 1995, neste período. De acordo com a distribuidora Dowtown, o longa levou 590 mil pessoas ao cinema para assistir a biografia do médium brasileiro.



“Chico Xavier” deixou para trás – em relação ao número de espectadores – os longas “Se Eu Fosse Você 2”, com 570 mil espectadores, e “Lula, o Filho do Brasil”, com 220 mil.

Quem também teve uma boa marca em apenas em um final de semana de exibição foi “Avatar”, com 800 mil pessoas.

“Chico Xavier” entrou em cartaz na última sexta-feira (2), coincidindo com o centenário de nascimento do médium brasileiro. O filme está em 377 salas em todo o país.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

VISÃO ESPÍRITA DA PÁSCOA

Eis-nos, uma vez mais, às vésperas de mais uma Páscoa. Nosso pensamento e nossa emoção, ambos cristãos, manifestam nossa sensibilidade psíquica. Deixando de lado o apelo comercial da data, e o caráter de festividade familiar, a exemplo do Natal, nossa atenção e consciência espíritas requerem uma explicação plausível do significado da data e de sua representação perante o contexto filosófico-científico-moral da Doutrina Espírita.
Deve-se comemorar a Páscoa? Que tipo de celebração, evento ou homenagem é permitida nas instituições espíritas? Como o Espiritismo visualiza o acontecimento da paixão, crucificação, morte e ressurreição de Jesus?
Em linhas gerais, as instituições espíritas não celebram a Páscoa, nem programam situações específicas para “marcar” a data, como fazem as demais religiões ou filosofias “cristãs”. Todavia, o sentimento de religiosidade que é particular de cada ser-Espírito, é, pela Doutrina Espírita, respeitado, de modo que qualquer manifestação pessoal ou, mesmo, coletiva, acerca da Páscoa não é proibida, nem desaconselhada.
O certo é que a figura de Jesus assume posição privilegiada no contexto espírita, dizendo-se, inclusive, que a moral de Jesus serve de base para a moral do Espiritismo. Assim, como as pessoas, via de regra, são lembradas, em nossa cultura, pelo que fizeram e reverenciadas nas datas principais de sua existência corpórea (nascimento e morte), é absolutamente comum e verdadeiro lembrarmos-nos das pessoas que nos são caras ou importantes nestas datas. Não há, francamente, nenhum mal nisso.
Mas, como o Espiritismo não tem dogmas, sacramentos, rituais ou liturgias, a forma de encarar a Páscoa (ou a Natividade) de Jesus, assume uma conotação bastante peculiar. Antes de mencionarmos a significação espírita da Páscoa, faz-se necessário buscar, no tempo, na História da Humanidade, as referências ao acontecimento.
A Páscoa, primeiramente, não é, de maneira inicial, relacionada ao martírio e sacrifício de Jesus. Veja-se, por exemplo, no Evangelho de Lucas (cap. 22, versículos 15 e 16), a menção, do próprio Cristo, ao evento: “Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes da minha paixão. Porque vos declaro que não tornarei a comer, até que ela se cumpra no Reino de Deus.” Evidente, aí, a referência de que a Páscoa já era uma “comemoração”, na época de Jesus, uma festa cultural e, portanto, o que fez a Igreja foi “aproveitar-se” do sentido da festa, para adaptá-la, dando-lhe um novo significado, associando-o à “imolação” de Jesus, no pós-julgamento, na execução da sentença de Pilatos.
Historicamente, a Páscoa é a junção de duas festividades muito antigas, comuns entre os povos primitivos, e alimentada pelos judeus, à época de Jesus. Fala-se do “pesah”, uma dança cultural, representando a vida dos povos nômades, numa fase em que a vinculação à terra (com a noção de propriedade) ainda não era flagrante. Também estava associada à “festa dos ázimos”, uma homenagem que os agricultores sedentários faziam às divindades, em razão do início da época da colheita do trigo, agradecendo aos Céus, pela fartura da produção agrícola, da qual saciavam a fome de suas famílias, e propiciavam as trocas nos mercados da época. Ambas eram comemoradas no mês de abril (nisan) e, a partir do evento bíblico denominado “êxodo” (fuga do povo hebreu do Egito, ou seja, libertando-se da escravidão sofrida durante séculos), em torno de 1441 a.C., passaram a ser reverenciadas juntas. É esta a Páscoa que o Cristo desejou comemorar junto dos seus mais caros, por ocasião da última ceia. Logo após a celebração, foram todos para o Getsêmani, onde os discípulos invigilantes adormeceram, tendo sido o palco do beijo da traição e da prisão do Nazareno.
Mas há outros elementos “evangélicos” que marcam a Páscoa. Isto porque as vinculações religiosas apontam para a quinta e a sexta-feira santas, o sábado de aleluia e o domingo de páscoa. Os primeiros relacionam-se ao “martírio”, ao sofrimento de Jesus – tão bem retratado neste último filme hollyodiano (A Paixão de Cristo, segundo Mel Gibson) –, e os últimos, à ressurreição e a ascensão de Jesus, que se deu na Páscoa judaica do ano 33 da nossa era e celebra a continuidade da vida.
No que concerne à ressurreição, podemos dizer que a interpretação tradicional aponta para a possibilidade da mantença da estrutura corporal do Cristo, no post-mortem, situação totalmente rechaçada pela ciência, em virtude do apodrecimento e deterioração do envoltório físico. As Igrejas cristãs insistem na hipótese do Cristo ter “subido aos Céus” em corpo e alma, e fará o mesmo em relação a todos os “eleitos” no chamado “juízo final”. Isto é, pessoas que morreram, pelos séculos afora, cujos corpos já foram decompostos e reaproveitados pela terra, ressurgirão, perfeitos, reconstituindo as estruturas orgânicas, do dia do julgamento, onde o Cristo, separá justos e ímpios.
A lógica e o bom-senso espíritas abominam tal teoria, pela impossibilidade física e pela injustiça moral. Afinal, com a lei dos renascimentos, estabelece-se um critério mais justo para aferir a “competência” ou a “qualificação” de todos os Espíritos. Com “tantas oportunidades quanto sejam necessárias”, no “nascer de novo”, é possível a todos progredirem.
Mas, como explicar, então as “aparições” de Jesus, nos quarenta dias póstumos, mencionadas pelos religiosos na alusão à Páscoa?
A fenomenologia espírita (mediúnica) aponta para as manifestações psíquicas descritas como mediunidades. Em algumas ocasiões, como a conversa com Maria de Magdala, que havia ido até o sepulcro para depositar algumas flores e orar, perguntando a Jesus – como se fosse o jardineiro – após ver a lápide removida, “para onde levaram o corpo do Raboni”, podemos estar diante da “materialização”, isto é, a utilização de fluido ectoplásmico – de seres encarnados – para possibilitar que o Espírito seja visto (por todos). Igual circunstância se dá, também, no colóquio de Tomé com os demais discípulos, que já haviam “visto” Jesus, de que ele só acreditaria, se “colocasse as mãos nas chagas do Cristo”. E isto, em verdade, pelos relatos bíblicos, acontece. Noutras situações, estamos diante de uma outra manifestação psíquica conhecida, a mediunidade de vidência, quando, pelo uso de faculdades mediúnicas, alguém pode ver os Espíritos.
A Páscoa, em verdade, pela interpretação das religiões e seitas tradicionais, acha-se envolta num preocupante e negativo contexto de culpa. Afinal, acredita-se que Jesus teria padecido em razão dos “nossos” pecados, numa alusão descabida de que todo o sofrimento de Jesus teria sido realizado para “nos salvar”, dos nossos próprios erros, ou dos erros cometidos por nossos ancestrais, em especial, os “bíblicos” Adão e Eva, no Paraíso. A presença do “cordeiro imolado”, que cumpre as profecias do Antigo Testamento, quanto à perseguição e violência contra o “filho de Deus”, está flagrantemente aposta em todas as igrejas, nos crucifixos e nos quadros que relatam – em cores vivas – as fases da via sacra.
Esta tradição judaico-cristã da “culpa” é a grande diferença entre a Páscoa tradicional e a Páscoa espírita, se é que esta última existe. Em verdade, nós espíritas devemos reconhecer a data da Páscoa como a grande – e última lição – de Jesus, que vence as iniqüidades, que retorna triunfante, que prossegue sua cátedra pedagógica, para asseverar que “permaneceria eternamente conosco”, na direção bussolar de nossos passos, doravante.
Nestes dias de festas materiais e/ou lembranças do sofrimento do Rabi, possamos nós encarar a Páscoa como o momento de transformação, a vera evocação de liberdade, pois, uma vez despojado do envoltório corporal, pôde Jesus retornar ao Plano Espiritual para, de lá, continuar “coordenando” o processo depurativo de nosso orbe. Longe da remissão da celebração de uma festa pastoral ou agrícola, ou da libertação de um povo oprimido, ou da ressurreição de Jesus, possa ela ser encarada por nós, espíritas, como a vitória real da vida sobre a morte, pela certeza da imortalidade e da reencarnação, porque a vida, em essência, só pode ser conceituada como o amor, calcado nos grandes exemplos da própria existência de Jesus, de amor ao próximo e de valorização da própria vida.
Vale lembrar que o espiritismo, embora sendo Doutrina Cristã, entende forma diferente alguns ensinamentos das igrejas cristãs. Na questão da ressurreição, por exemplo, para nós, espíritas, a aparição de Jesus a Maria de Magdala, acima já referida, e posteriormente aos discípulos, foi com seu corpo espiritual, que chamamos perispírito. Entendemos que não houve uma ressurreição corporal, física. Jesus de Nazaré não precisou derrogar as leis naturais do nosso mundo para firmar o seu conceito de missionário. A sua Doutrina de amor e perdão é muito maior do que qualquer milagre, até mesmo a ressurreição.
Isto não invalida a Festa da Páscoa se a encararmos no seu simbolismo. A Páscoa Judaica pode ser interpretada como a nossa libertação da ignorância, das mazelas humanas, para o conhecimento, o comportamento ético-moral. A travessia do Mar Vermelho representa as dificuldades para a transformação. A Páscoa Cristã, representa a vitória da vida sobre a morte, do sacrifício pela verdade e pelo amor. Jesus de Nazaré demonstrou que pode-se Executar homens, mas não se consegue matar as grandes idéias renovadoras, os grandes exemplos de amor ao próximo e de valorização da vida.
Como a Páscoa Cristã representa a vitória da vida sobre a a morte, queremos deixar firmado o conceito que aprendemos no Espiritismo, que só pode ser definida pelo amor, e o amor pela vida. Foi por isso que Jesus de Nazaré afirmou que veio ao mundo para que tivéssemos vida em abundancia, isto é, plena de amor.
Nesta Páscoa, assim, quando estiveres junto aos teus mais caros, lembra-te de reverenciar os belos exemplos de Jesus, que o imortalizam e que nos guiam para, um dia, também estarmos na condição experimentada por ele, qual seja a de “sermos deuses”, “fazendo brilhar a nossa luz”.
Comemore, então, meu amigo, uma “outra” Páscoa. A sua Páscoa, a da sua transformação, rumo a uma vida plena.
Fusão dos textos de autoria de:
Marcelo Henrique
06/04/2006
http://www.feal.com.br/colunistas.php?art_id=23&col_id=13
Amilcar Del Chiaro Filho, já falecido.